Com o intuito de entender melhor a implementação dos Ciclos, fiz uma pesquisa/entrevista com a pedagoga Regiane, da Escola Municipal Santa Terezinha, localizada em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, onde debatemos sobre algumas questões referentes ao tema em questão. Confira os pontos principais dessa entrevista.
A entrevista nos dá margem para algumas discussões e questionamentos.
Afinal, o que temos nas nossas escolas realmente pode ser considerado como Ciclo?
Com certeza, o sistema de ciclos traz novos problemas para a escola e pede novos modos de atuação (dos gestores das redes de ensino quanto dos profissionais da educação).
A implementação dos Ciclos, muitas vezes é feita sem a necessária adesão dos professores. Como a entrevista acima deixa claro: "Infelizmente, por razões diversas, os princípios da proposta de Ciclo não são respeitados." e “Acredito que a não compreensão das famílias e de alguns profissionais quanto aos princípios da proposta de Ciclo, acarretaram prejuízos quanto ao processo proposto. Superar isso é nosso maior desafio.”
Assim, com grande frequência ela não é acompanhada de medidas que favoreçam o trabalho coletivo do professor, que possibilitem o desenvolvimento de estratégias de supervisão e acompanhamento dos professores, bem como de apoio a seu trabalho. Muitas vezes, os ciclos são implantados apenas como uma solução para diminuição das taxas de reprovação, sem uma preocupação efetiva com a aprendizagem.
“Infelizmente, por razões diversas, os princípios da proposta de Ciclo não são respeitados. A saber: número de alunos por turma, a permanência do aluno com o mesmo grupo e professor, assim como uma prática pedagógica condizente com os princípios sócio-interacionista.”
O princípio da progressão continuada pode também, se mal concebido e mal aplicado, resultar numa ausência de compromisso com o desenvolvimento sistemático de habilidades e conhecimentos.
Na entrevista fala-se em aprovação automática e não progressão continuada.
“Apesar de pelo senso comum, a possibilidade de Aprovação Automática, ter sido o maior entrave, este apenas reforçou o desinteresse das famílias.”
Os dois instrumentos são distintos, mas são ainda confundidos por muitos. A promoção automática não foi bem aplicada e passou a ser identificada com o avanço que não leva em conta a avaliação da aprendizagem. A expressão progressão continuada foi adotada pelos ciclos. Nele o educando tem tempo maior do que o ano letivo para aprender e recebe reforço quando suas dificuldades são detectadas. Assim, respeita-se o ritmo de cada educando.
Muitos dos problemas que atribuímos aos ciclos talvez residam em sua implementação, já que muda-se o modo de organização escolar, mas não se criam mecanismos para o trabalho coletivo que poderia diagnosticar os problemas de ensino-aprendizagem; não se altera e nem se reorganiza procedimentos de ensino que se mostram inadequados para os alunos em dificuldade, e outros tantos procedimentos para a sua implementação de forma correta e com funcionalidade.
Apesar desses problemas de implementação, pode-se perceber importância da organização em ciclos para a ampliação das possibilidades de aprendizagem dos alunos.
O que deveríamos ter é uma reorganização da escola, a redefinição dos currículos e dos programas escolares, formação dos docentes e outras tantas medidas que garantam que os ciclos sejam bem aplicados e assim possam contribuir para a melhoria da aprendizagem.
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