terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Ciclos de Formação: uma proposta inovadora



Vários estudos têm discutido as questões relativas ao delineamento e às implicações das propostas de ciclos. Andréa Krug em seu livro: Ciclos de Formação: uma proposta transformadora, resgata esse tema utilizando como exemplo a experiência da Secretaria Municipal de Porto Alegre com os Ciclos de Formação, fornecendo elementos para o debate que se instala frente a essa questão.
Os Ciclos de Formação compreendem o ser humano em desenvolvimento pleno e constante, desenvolvimento este capaz de ser provocado pelas mediações adequadas, independentemente da idade em que se encontre e com o acesso ao currículo flexível e relacionado às suas reais necessidades e sem as rupturas provocadas por reprovações.
Em tese o que temos é que as crianças aprendem melhor quando frequentam turmas onde os seus colegas têm idade aproximada. Neste sentido, alguns pesquisadores do desenvolvimento humano, tais como Piaget, Vygotsky e Wallon, indicam a idade como fator importante para compreensão e promoção da aprendizagem humana. A base então da enturmação dos educandos ocorre com referência na idade e, a partir disto, o processo de escolarização busca contribuir com o desenvolvimento integral do estudante, a partir de atividades que consideram a heterogeneidade da turma.
A região Sul, adaptou um conceito russo, a partir de Pistrak¹, com o planejamento de ensino por "Complexos", além também de conceitos de Freire, onde  rompe-se com a hierarquia dominante, havendo uma liberdade maior, além da concepção da aprendizagem e do conhecimento ser construída entre o sujeito e a sua realidade.
A escola precisa oportunizar o exercício da diferença, no sentido de possibilitar a todo educando a possibilidade de ensinar aos demais algo que ele já saiba, provocando diferentes ambientes de aprendizagem, relacionados a diferentes temas e áreas do desenvolvimento humano, atendendo, assim, as necessidades e peculiaridades de cada um em suas experiências.
Ciclar a escola é ciclar as atitudes docentes. É planejar as atividades em coletivos de ciclos e não mais como no sistema seriado, ano a ano. É entender que homogeneidade não existe. É constatar que a realidade é complexa e só tem a contribuir com todo o currículo. É inclusão. É aprendizagem. É trabalho coletivo. É avaliação como um mecanismo democrático.






¹ O sistema de complexo temático foi desenvolvido por Pistrak (2000), educador russo que defendia à Revolução Socialista e propunha a organização do trabalho pedagógico através de um sistema que garante uma compreensão da realidade atual de acordo com o método dialético pelo qual se estudariam os fenômenos ou temas articulados entre si e com nexos com a realidade mais geral, numa interdependência transformadora. O complexo, segundo Pistrak, deveria estar embasado no plano social, permitindo aos estudantes, além da percepção crítica real, uma intervenção ativa na sociedade, com seus problemas, interesses, objetivos e ideais.

KRUG, Andréa (2001). Ciclos de Formação: uma proposta transformadora. 2 ed. Porto Alegre: Mediação, p.17-51.
PISTRAK, Fundamentos da Escola do Trabalho.São Paulo: Expressão Popular. 2000.

Um comentário:

  1. Sua reflexão ficou muito boa! Abordou todo o texto, entrelaçando-o aos aspectos práticos, de modo que possamos analisar de que forma a teoria está vinculado ao cotidiano da realidade concreta.

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