Fazendo parte da coleção Indagações sobre Currículo, editada em 2007 pela Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação do Brasil temos o texto Educandos e Educadores: seus Direitos e o Currículo de Miguel G. Arroyo que nos oferece uma profunda reflexão sobre aspectos do currículo.
Para Arroyo (2007) algumas questões merecem destaque, “o currículo, seu ordenamento, suas hierarquias, a segmentação dos conhecimentos em disciplinas, cargas horárias não condicionam nosso trabalho?”. “Os esforços por formas de trabalho docente mais humano não estão condicionados pelo ordenamento dos currículos?”. Além disso, “como a organização curricular condiciona a organização da escola e por consequência do nosso trabalho?”. E “que organização dos currículos e da escola tornará nosso trabalho mais humano?”. Depois: “que lógicas, concepções, valores regem, legitimam essa organização?” “São igualitárias, democráticas, inspiradas no referente político da garantia do direito de todos ao conhecimento, à cultura, à formação como humanos?” “São lógicas que permitem a humanização do trabalho dos profissionais das escolas?” “que igualam ou hierarquizam os docentes?”. Essas e algumas outras questões são abordadas, e o autor deixa claro que estas indagações sobre o Currículo nos levam a repensar lógicas e valores que estruturam a organização curricular.
Arroyo (2007) afirma que deve-se reagir à condição de aulistas e avançar na autoria de nossa prática, reivindicando horários de estudos, planejamento, tempos de atividades programadas, tempos coletivos. Temos assim, sujeitos mais qualificados e com maiores tempos de qualificação e controle de seu trabalho. Constata-se que dessa forma ameniza-se o mal-estar nas escolas na relação educando e educador. Além de outras questões como indisciplinas, desinteresse e problemas de aprendizagem.
De acordo com Arroyo (2007), os educandos devem ser reconhecidos como sujeitos da ação educativa e não vê-los apenas como empregáveis, como mercadoria para o emprego. Os educadores por sua vez, nessa perspectiva são vistos como treinadores e preparadores de mão-de-obra habilitada. Superar essa visão será precondição para repensar os currículos. Segundo o autor,
Guiados pelo imperativo ético do respeito aos educandos, como sujeitos iguais de direitos, seremos levados a construir novas formas de ordenamento dos conteúdos que garantam não apenas o direito igual de todos ao conhecimento, à cultura, aos valores, à memória e à identidade na diversidade, mas que garantam a igualdade de todo conhecimento, cultura, valores, memórias e identidades sem hierarquias, segmentações e silenciamentos. (ARROYO, 2007, p.38)
Guiados pelo imperativo ético do respeito aos educandos, como sujeitos iguais de direitos, seremos levados a construir novas formas de ordenamento dos conteúdos que garantam não apenas o direito igual de todos ao conhecimento, à cultura, aos valores, à memória e à identidade na diversidade, mas que garantam a igualdade de todo conhecimento, cultura, valores, memórias e identidades sem hierarquias, segmentações e silenciamentos. (ARROYO, 2007, p.38)
Dessa forma, vê-se os educandos na “sua totalidade humana, como sujeitos cognitivos, éticos, estéticos, corpóreos, sociais, políticos, culturais, de memória, sentimento, emoção, identidade diversos... Vê-los não recortados nessas dimensões, mas em sua totalidade humana”. Assim, incorporando a formação dessa pluralidade de dimensões, consequentemente enriqueceremos os currículos, a docência e a pedagogia.
Acabamos assim nos defrontamos com dois referentes na organização curricular: o referente do mercado e o referente dos direitos dos educandos e educadores. Afinal, o que fazer? Se equacionamos os conhecimentos e as competências no referente do mercado, nós nos limitamos e cosequentemente temos uma visão utilitarista, parcializada e segmentada do conhecimento e do currículo. Porém, se equacionarmos esses mesmos fatores no referente do direito de todo ser humano, nós teremos um currículo mais plural e rico. Um currículo que não secundarize, antes inclua com destaque, mas com o direito, a oralidade, a escrita, a matemática, as ciências e as técnicas de produção, o domínio dos instrumentos e equipamentos culturais produzidos para qualificar o trabalho como atividade humana.
Acabamos assim nos defrontamos com dois referentes na organização curricular: o referente do mercado e o referente dos direitos dos educandos e educadores. Afinal, o que fazer? Se equacionamos os conhecimentos e as competências no referente do mercado, nós nos limitamos e cosequentemente temos uma visão utilitarista, parcializada e segmentada do conhecimento e do currículo. Porém, se equacionarmos esses mesmos fatores no referente do direito de todo ser humano, nós teremos um currículo mais plural e rico. Um currículo que não secundarize, antes inclua com destaque, mas com o direito, a oralidade, a escrita, a matemática, as ciências e as técnicas de produção, o domínio dos instrumentos e equipamentos culturais produzidos para qualificar o trabalho como atividade humana.
ARROYO, Miguel G. Indagações sobre Currículo: Direitos e o Currículo. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria da Educação Básica, 2007, 52p.
Amei muito !!! parabéns.
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